12.2.07

SIM

Fiquei contente com a vitória do SIM, claro que fiquei. Acho que as mulheres portuguesas ficaram a ganhar com esta vitória, mesmo as que votaram não. Acredito que todas nós temos o direito de optar, com informação, com assistência médica, com condições dignas. Acredito que cada mulher toma a decisão mais acertada para si e para a eventual criança, e acredito que não devemos impor a nossa moral aos outros. Não digo com isto que sou a favor do aborto, acho que ninguém é, mas ele existe e ninguém deixa de o fazer porque há uma lei e uma pena a pairar sobre as suas cabeças ou porque os padrecos andam para aí a assutar as pessoas, infelizmente o mundo não é cor de rosa. Mas sou a favor da escolha livre, sempre. Muitas das pessoas que escrevem para blogs que apoiam o NÃO tem escrito verdadeiras tragédias como se o aborto fosse começar a ser praticado agora e só agora, embora saibam que isso não é verdade. Acredito que o aborto legal leva a um controle e eventualmente à diminuição do número de abortos, esta tendência tem-se verificado por toda a Europa, porque é que em Portugal havia de ser diferente?

Várias vezes visitei o Blog do Não (embora não demasiadas, para não me irritar) e agora que o referendo já passou não foi excepção. Tenho de confessar que senti chocada com posts que comparam o resultado do referendo ao 11 de Setembro, acho sinceramente que é uma falta de nível do pior que se pode ver. E para quem diz que isto é uma cultura de morte, eu digo que cultura de morte tinhamos antes, quando as mulheres abortavam e morriam a seguir. É triste, mas é verdade. No entanto, não posso deixar de destacar este
post, com o qual concordo e que até me fez rir. Tenho de dizer também que achei que a posição do Marcelo Rebelo de Sousa foi completamente patética e triste. Não só passou um atestado de burrice e incompetência a todas as mulheres (abortar por estados de alma, que idiota), como disse que defendia a despenalização, embora achasse que devia continuar a ser crime. Ora a mim parece-me que Crime sem pena = liberalização do aborto clandestino. Mas pronto, já passou, esperemos que para a próxima este senhor pense antes de vir para a televisão opinar os seus estados de alma.

E pronto, tantos anos depois esta é uma batalha que eu espero tenha chegado ao fim. O fim da perseguição às mulheres, o fim da vergonha e, espero eu, o fim do aborto clandestino. Sei que começa agora uma nova etapa e quem nem tudo é maravilhoso, mas acredito que esta nova lei vai ser em tudo melhor as mulheres portuguesas.
E estou muito contente, sim.